quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Exposição de Sólidos na Biblioteca

Mais um evento na Biblioteca. O grupo de professores de Matemática do 2º Ciclo montou uma Exposição de Sólidos com a ajuda de alunos. A não perder!


Clube de Ciências interativo


Hoje, recomendo-vos que experimentem, na página da  Sience4you, os jogos, experiências e restantes atividades que vos proporciona o Clube Science4you. Com a ajuda das mascotes do Clube, a Maria, o Galileu e o Prof. 4you, entra no Universo da Ciência.

Fica aqui o apontador:
http://www.clubes4y.com/

Sessão de Animação de Leitura


Ontem tivemos mais uma Sessão de Animação de Leitura, dinamizada pelo Clube dos Leitores. Desta vez, foram nossos convidados os alunos da turma do 3º ano da Professora Fernanda Carvalho. Esteve, também presente a Professora Adélia, que veio auviliar a professora titular da turma.


Foi um grupo simpático e bem disposto, que escutou atentamente a nossa animadora, a aluna Vasilka Borislavova Borislavova, nº 24 do 5ºD, que leu o livro O Urso Resmungão, de Steve Smallman.

Após a leitura, a turma formou equipas e participou ativamente na atividade proposta: um Bingo de Perguntas e Respostas.

Agradecemos a vinda deste grupinho muito animado e a preciosa colaboração das senhoras professoras que o acompanhou.

Ficam as imagens, para recordar o momento!

 

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Um blogue de Língua Portuguesa


Por intermédio do blogue Bibliobeiriz, dou-vos a conhecer um blogue de Português extremamente interessante. Chama-se Português em linha, tem design apelativo e permite navegar com facilidade. É uma excelente ajuda para estudar ou, até mesmo, realizar jogos educativos. Experimentem!

Aqui fica o apontador:
 ames-portuguesemlinha.blogspot.pt

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Novidades e mais uma história


Hoje tenho para vos dar a notícia da criação da versão on-line do Clube dos Leitores, o clube de leitura dinamizado pela biblioteca. Como sei que há alunos que até gostariam de participar mas que, por  incompatibilidade horários, desistiram de o fazer para poderem estar presentes noutros clubes, decidi permitir a esses alunos que participassem, enviando os seus comentários por e-mail. Foi assim que surgiu a ideia de "abrir as portas" do clube através da Web. Espero, desta forma, angariar mais membros, que podem sugerir leituras interessantes, as quais serão comentadas por todos nas sessões, ou através da publicação de mensagens.

Mudando de assunto, aqui fica mais uma história, A história dos homenzinhos de patins, de Sophie Carquain.


 

A HISTÓRIA DOS HOMENZINHOS DE PATINS

 

Era uma vez um planeta onde se nascia, vivia e morria sobre patins. Também se viajava, namorava e trabalhava sobre patins. O seu uso era obrigatório porque caminhar era um processo muito lento e tomava muito tempo. Alguns habitantes nem sequer tiravam os seus pés rolantes para dormir.

Nunca ninguém chegava atrasado ao emprego ou às aulas. Só se falava o estritamente necessário, porque até as sílabas eram contabilizadas. Todas as atividades suscetíveis de nos fazer perder segundos preciosos eram proibidas: falar da chuva e do bom tempo, comprar bombons, arrastar-se, de manhã, por casa, em peúgas, dançar o tango, ou ter bebés. Um bebé exige tempo e isso faz com que nos tornemos menos eficazes.

Mas porque corriam as pessoas assim?

Porque no planeta ao lado viviam uns seres cinzentos e tristes, que tinham decidido fazer das pessoas cavalos de corrida. Para isso, tinham-nas transformado em seres que apenas viviam para a velocidade e para o stress. Esses seres faziam apostas e lançavam na lixeira intersideral as pessoas que perdessem a corrida. As pessoas não passavam de escravas…

O corpo humano não consegue viver a 500 quilómetros à hora e, assim, as pessoas passaram a sofrer de várias doenças, a mais catastrófica das quais era a das fraturas do crânio. Sempre que uma criança caía, o seu cérebro começava a encolher até ficar do tamanho de uma ervilha. Como estas fraturas eram cada vez mais frequentes, as pessoas ficavam cada vez menos inteligentes. Por isso, ninguém tivera ainda a ideia de inventar um capacete para proteger a cabeça.

Mas os seres cinzentos e tristes estavam a ficar sem escravos e decidiram, então, inventar eles mesmos o capacete e tornar o seu uso obrigatório. Como as pessoas tinham o cérebro protegido, podiam utilizá-lo para pensar. Por exemplo, para pensar por que razão haviam de andar tão depressa.

Então, pouco a pouco, começaram a reduzir o ritmo da sua vida e a dar-se conta que correr não serve de nada. Que isso apenas as escravizava mais em relação ao povo dos seres tristes e cinzentos. Passaram, então, a brincar, a conversar, a jogar, a fazer amigos, sem medo de que isso lhes fizesse mal. E nem viam o tempo passar…

Todos se inscreviam em cursos de dança, assistiam ao pôr-do-sol, davam longos passeios pela floresta. A transformação ainda demorou algum tempo. Mas as dores de barriga e de cabeça desapareceram. E começaram de novo a nascer bebés…

 

Sophie Carquain

Petites histoires pour devenir grand (2)

Paris, Albin Michel, 2005

(Tradução e adaptação)

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Nova história do Clube das Histórias

Hoje, segunda, publico mais um conto do Clube das Histórias. Desta vez, uma belíssima história de Hans Christian Andersen, O Boneco de Neve. Espero que gostem!


 

O Boneco de Neve

 

— O gelo estala em mim às mil maravilhas. Que frio tão bom! — dizia o boneco de neve. — O vento sabe mesmo como beliscar uma pessoa! E aquilo brilhante, ali, como cintila! — Referia-se ao sol que estava quase a pôr-se. — Não há de conseguir fazer-me pestanejar, posso muito bem aguentar-me nas telhinhas!

Eram dois grandes bocados de telha triangulares que tinha nos olhos. A boca era um pedaço de um velho ancinho; tinha, portanto, dentes. Nascera com os gritos de júbilo dos rapazes, saudado pelo tinir dos guizos e o estalar dos chicotes dos trenós.

O sol desceu no horizonte, a lua cheia subiu, redonda e grande, luminosa e bela no céu azul.

— Ali o temos novamente, do outro lado! — disse o boneco de neve. Julgava que era o sol que se mostrava de novo. — Já me desabituei daquele brilho! Agora pode ficar ali suspenso a luzir para que me veja a mim próprio. Se ao menos soubesse como fazer para me mexer! Gostaria tanto de poder andar! Se pudesse, deslizaria por aí abaixo, no gelo, como vi fazer aos rapazes, mas não sei correr!

— Ão! Ão! — ladrou o velho cão preso com uma corrente.

Estava um pouco rouco. Ficara assim depois de ter sido cão de casa e ter estado deitado junto ao fogão. Disse ao boneco:

— O sol te ensinará a correr! Bem vi o que se passou com o teu predecessor o ano passado e com o predecessor dele. Ão! Ão! Todos já lá vão!

— Não te compreendo! — disse o boneco de neve. — Aquilo lá em cima vai ensinar--me a correr? — Referia-se à lua.

— Não sabes nada! — disse o cão. — Também ainda agora acabaste de tomar forma! Aquilo que neste momento estás a ver chama-se Lua, aquilo que desapareceu era o Sol. Voltará amanhã de manhã e bem te ensinará a correr para a vala. O tempo vai mudar em breve. Noto-o na minha perna esquerda traseira, que se ressente disso. Vamos ter mudança de tempo!

— Não compreendo! — disse o boneco de neve. — Mas tenho a impressão de que é desagradável o que dizes. Aquele que brilhou e desapareceu, a quem chamas Sol, não é de certeza meu amigo, tenho esse pressentimento!

— Ão! Ão! — ladrou o cão da corrente, dando três voltas e deitando-se dentro da casota para dormir.

♣♣♣

Houve realmente uma alteração do tempo.

Um nevoeiro, espesso e pegajoso, espalhou-se, nas primeiras horas da manhã, por toda a região. Ao romper do dia, o vento soprava. O vento era gelado e, assim, a geada acabou por cobrir tudo. Mas, quando o sol se levantou, que belo panorama! Todas as árvores e arbustos estavam cobertos de geada branca. Era uma floresta de corais, como se todos os ramos estivessem carregados de radiosas flores brancas. As inúmeras e finas ramificações que não se podem ver no Verão por causa da folhagem abundante notavam-se agora bem, uma por uma. Era como uma renda de um branco reluzente, como se um fulgor de luz emanasse de cada ramo. O vidoeiro chorão agitava-se ao vento: havia nele vida, como há nas árvores no Verão. Era de uma beleza incomparável! E quando o sol assim brilhava, tudo cintilava como se estivesse polvilhado com pó de diamante; e na cama de neve sobre a terra brilhavam grandes diamantes. Parecia que ardiam inúmeras luzinhas ainda mais brancas do que a branca neve.

— É de uma beleza incomparável! — exclamou uma rapariga que, pisando a neve, viera com um rapaz até ao jardim e parara precisamente junto do boneco de neve, onde ficara a observar as árvores assim brilhantes.

— Paisagem mais bela não se tem aqui no Verão! — disse ela, com os olhos a brilhar.

— Nem um tipo como aquele que aqui está! — disse o rapaz apontando para o boneco de neve. — Está ótimo!

A rapariga riu-se, acenou ao boneco de neve e pôs-se a dançar com o companheiro sobre a neve, que rangia como se caminhassem sobre fécula.

— Quem eram aqueles dois? — perguntou o boneco de neve ao cão. — És mais velho no pátio do que eu, conhece-los?

— Conheço-os, pois! — respondeu o cão. Ela já me fez festas e ele deu-me um osso com carne. A eles não mordo!

— Mas, o que fazem aqui? — perguntou o boneco de neve.

— Namo... rados! — disse o cão.

— Os dois são tão importantes como tu e eu? — perguntou o boneco de neve.

— São família dos donos! — disse o cão. — Em verdade, é muito pouco o que se sabe quando se nasceu há um dia! É o que acontece contigo! Já eu tenho idade e conheço todos aqui no pátio. Tempos houve em que não estava preso a uma corrente…..Não! Não!

— O frio é belo! — disse o boneco de neve. — Conta lá, conta! Mas não faças barulho com a corrente, pois faz-me estalar o coração cá dentro!

— Ão! Ão! — ladrou o cão. — Fui cachorro, pequenino e lindinho, diziam eles. — Sentava-me então dentro de casa em cadeiras de veludo, deitava-me no regaço dos donos, eles beijavam-me o focinho e limpavam-me as patas com lenços. Chamavam-me então «girinho», «fofinho» …Mas logo que me tornei demasiado grande para eles, deram-me à governanta e fui parar à cave. De onde estás podes ver lá para dentro. Podes olhar para o quarto onde fui parar, pois era aí a casa da governanta. Era um lugar bem mais pequeno do que na parte de cima, mas mais agradável. As crianças não me apertavam nem puxavam por mim. Tinha boa comida, tal como antes, ou ainda melhor! Tinha a minha própria almofada e havia um fogão, que é nesta época do ano o melhor que há. Metia-me completamente por baixo dele. Depois, fui posto fora. Oh! Ainda sonho com o fogão! Ão! Ão!

— Um fogão é assim tão bonito? — perguntou o boneco de neve. — Parece-se comigo?

— É exatamente o contrário de ti! É preto como o carvão. Tem um pescoço comprido como um canudo de latão. Come lenha, para que o fogo saia da boca. Pode-se estar ao lado dele, bem em cima, lá dentro ou por baixo. Que prazer! De onde estás, deves poder vê-lo pela janela!

E o boneco de neve olhou e viu realmente um objeto preto com polimento brilhante e um canudo de latão. O fogo brilhava por baixo. O boneco de neve ficou completamente maravilhado. Sentiu uma sensação que não podia exprimir. Algo que não conhecia, mas que todos os homens, quando não são de neve, conhecem…

— E por que o abandonaste? — disse o boneco de neve. — Como pudeste abandonar tal lugar?

— Bem me custou! — disse o cão. — Trouxeram-me cá para fora e prenderam-me aqui com uma corrente. Mordi as canelas do menino mais novo, porque deu um pontapé no osso que eu estava a roer. É osso por osso, pensei eu! Mas eles levaram a mal e desde esse tempo tenho estado preso à corrente e até perdi a minha voz clara. Ouve bem como estou rouco! Ão! Ão! Foi o fim!

♣♣♣

O boneco de neve não ouvia mais nada. Olhava fixamente para o interior da cave da governanta, para o quarto onde estava o fogão, de pé nas suas quatro pernas de ferro, do mesmo tamanho que ele próprio.

— Como me sinto atraído! — disse ele. — Será que nunca irei lá entrar? É um desejo inocente e os desejos inocentes devem ser satisfeitos. É o meu maior desejo, o meu único desejo, e seria quase injusto se não fosse satisfeito. Tenho de ir lá dentro, tenho de encostar--me ao fogão!

— Nunca irás lá entrar! — disse o cão. — E se te aproximasses do fogão... Ão, Ão!

Todo o dia o boneco de neve esteve a olhar lá para dentro através da janela. Ao crepúsculo, o quarto ainda se tornou mais convidativo. Do fogão vinha uma luz suave, não como a da Lua ou do Sol, mas como só um fogão pode emitir, quando tem alguma coisa lá dentro. Se se mexia nas portas, saltavam as chamas…Que beleza!

— Não aguento mais! — disse o boneco. — Como fica bonito a deitar a língua de fora!

A noite foi muito longa, mas não para o boneco de neve, que ficou mergulhado nos seus belos pensamentos…Às primeiras horas da manhã, as janelas da cave estavam geladas e exibiam as mais belas flores de gelo que um boneco de neve podia desejar. Mas ocultavam o fogão. As vidraças não queriam degelar, e o boneco não podia ver o fogão onde a madeira estalava e crepitava. Não estava nada contente. Com tal tempo, podia e devia ter-se sentido feliz, mas não!

— Lamento o que te está a acontecer! — disse o cão. — Também já sofri dessa doença,mas venci-a. Não foi ela que me venceu, não! Ão! Ão! Vamos ter mudança de tempo!

E houve mudança de tempo, pois veio o degelo.

♣♣♣

Aumentava o degelo, diminuía o boneco de neve. Já nada dizia, não se queixava, e é esse o verdadeiro sintoma…

Uma manhã, tombou. No lugar que ocupara, ficou espetada uma coisa parecida com um pau de vassoura, com a qual os rapazes o haviam erguido.

— Agora posso compreender a razão do seu desejo! — disse o cão. — O boneco de neve tinha um abanador de fogão dentro de si! Era isso que o agitava por dentro. Agora já não mexe, não, acabou-se. Ão! Ão!

E em breve estava o Inverno também acabado.

— Ão! Ão! — ladrava o cão da corrente, enquanto as meninas cantavam no pátio:

 

Vinde, cucos, cotovias, cantar já,

Fevereiro passado, temos a Primavera cá!

«Cucu, que vivi!» Convosco canto também!

Vem, sol querido, assim muitas vezes, vem!

 

Ninguém voltou, pois, a pensar no boneco de neve.

 

Hans Christian Andersen

Histórias e contos completos, v. II

V.N. Gaia, Edições Gailivro, 2005

(Adaptação)